Oito de abril de 2009 foi a data escolhida para a 1ª Degustação Histórica. Estavam reunidos, no Bar Frangó, Eu, Cassio Piccolo, Marcelo Carneiro, Juliano Mendes, André Clemente, Fabiano Belucci, Rodrigo Ferraz, Rodrigo Martins, Cilene Saorin, Sergio Camargo e Manoel Beato. A lista de cervejas, sobre a qual lancei uma brincadeira no post anterior, trazia rótulos raros, realmente bastante especiais. Vou relatar as impressões sobre todos eles, deixando algumas fotos extras neste Flickr.
Seguindo a tradição de “primeiro os mais velhos”, começamos com uma Carlsberg Paaske Bryg 1964 que ficou armazenada na cave da própria cervejaria até ser presenteada ao Cassio no ano passado. Pelas minhas pesquisas, trata-se de uma bock com 7,9% de álcool, edição especial de páscoa, já não mais fabricada. Eu não me equivoquei na hora de escrever a data. Esta lager da Carslberg foi fabricada em 1964, há exatos 45 anos! (Vejam no Flickr as fotos do sedimento que ficou na garrafa e da tampa da cerveja.) Todos à mesa esperavam encontrar uma cerveja completamente estragada, mas mesmo assim estávamos dispostos a degustá-la. Ledo engano. A cerveja ainda estava em condições de consumo, surpreendendo a todos nós por suas qualidades. Mesmo com tanto tempo de garrafa, ainda apresentava carbonatação. Trazia espuma fina, mas persistente, e coloração âmbar com alguma turbidez. No aroma, toffee, nozes e álcool, sensações que se repetiam no paladar, aliadas a caramelo, alcaçuz, adocicado e leve picante.
Seguimos com uma DeuS 2002, cerveja que com sete anos de guarda tornou-se mais licorosa e um pouco menos carbonatada, mas trazendo aroma e paladar semelhantes a uma versão nova.
Origem da degustação da noite, a cerveja seguinte foi a dinamarquesa Egtved Pigens. Das 1000 garrafas produzidas uma única vez, tínhamos duas à mesa, a 453 e a 554. Após muita dificuldade para abri-las, já que não tínhamos uma Tenaz, pudemos degustar esta maravilhosa cerveja, resultado de uma pesquisa arqueológica. Conta o produtor que em uma pesquisa no túmulo de uma mulher, morta em 1357 AC, foi encontrado um vaso com resquícios de líquido. Estudos mostraram que este líquido poderia ser cerveja, a primeira da história da Dinamarca. Baseado neste estudo, o cervejeiro Claus Søgaard recriou a receita, a qual não leva lúpulo. Esta cerveja, pouco carbonatada, traz notas intensas de frutas vermelhas, mel, zimbro (ingredientes que fazem parte de sua formulação) e também doce, acidez mediana e leve picante. É uma bebida especial, diferente de qualquer outra bebida à base de malte provada por mim antes.
Prosseguindo com a bela noite, a belga Cantillon Grand Cru Bruocsella, safra 2001. Esta lambic, que matura por três anos em barris de carvalho, traz notas de pão, maça, mel e madeira. O produtor recomenda que seja guardada por um período antes do consumo (oito anos no nosso caso), e compara sua importância para o mundo cervejeiro com a de Mouton-Rotschild, Petrus e Romanée-Conti para o mundo dos vinhos. Sensacional!
Na seqüência, a chilena Kunstmann Grand Torobayo, sobre a qual já postei minhas impressões aqui. A americana Local n˚1, da Brooklyn Brewery, uma bela belgian strong ale, foi a próxima a chegar na mesa. Apresentando notas maltadas, cítricas, frutadas (pêssego, laranja) condimentadas e álcool, ela agradou a todos participantes.
Continua depois....
10 comentários:
Olá Edu,
Degustar uma Lager tão antiga e ainda assim ela estar em boas condições deve ter sido uma experiência incrível. Acho que vou guardar algumas por aqui para ver no que vai dar! Infelizmente, parece que a Deus perdeu qualidade, não?
Quanto à Brooklyn Local Nº1, eu já tinha uma grande curiosidade sobre esta cerveja, pois já tinha ouvido ótimos comentários sobre ela. Existe um programa de TV na internet, parecido como o Bytes & Beer citado no post, onde eles degustaram a Local 1 e ainda escolherem como uma das melhores degustadas no programa durante o ano de 2008. Dá uma olhada nos vídeos, os links são:
http://beeramerica.tv/episode-17-brooklyn-local-1/
http://beeramerica.tv/episode-32-favorite-beers-of-2008/
Não esquece de me chamar para a próxima vez!
Edu,
a Cantillon tinha muito sedimento e/ou pedaço de rolha dentro? Eu vou comprar 2 garrafas da mesma safra, que estão beeem "sujinhas" por dentro (aquela nuvem de detritos) e fico com um certo medo de estarem estragadas...
Abraços!
Rodrigo,
Também pensei o mesmo. O duro será esperar 45 anos! hehehehe Lembre-se de que era uma bock, que aém de mais alcoólica, tem mais estrutura de malte. Quanto a DeuS, não diria que ela perdeu. Apenas mudou um pouco a estrutura, mas mesmo assim, estava interessante. Para a próxima levarei uma Lust, da primeira safra. Ah, muito legais os programas! Valeu!
Pedro,
Ela tinha alguma sedimentação, mas nada de rolha. Antes de abrir, deixe-a alguns dias em pé, na geladeira, já na temperatura que vai consumir.
Abraços
Edu, eu daria tudo para ter experimentado a cerveja de 1964 e aquela da fórmula antiga dinamarquesa.
Realmente uma degustação histórica mesmo.
É uma pena que vai ser muito dificil de acontecer outra, tendo em vista a raridade destas cervejas.
Parabéns a vocês.
Luis Teixeira.
Sensacional!!
Confesso que li duas vezes o post e fiquei vendo as fotos por várias vezes!
Realmente foi um encontro histórico! Parabéns pela idéia e organização!
No próximo se possível, gostaria de fazer a cobertura para meu blog!
abraços Edu
Luis,
No momento em que eu a degustava pensei exatamente o mesmo. Talvez, esta seria a única oportunidade na vida!
Raphael,
Estou pensando em promover uma degustação entre blogs, o que você acha?
Abraços
Fala Edu,
Pô estava vendo os "posts" hoje e cheguei a "aguar - ou melhor cervejar". Tive a impressão de ter visto uma Imperial Stout da Rougue, é ela esconcida ali ? Valeu e forte abraço meu, Marecelão - AcervA Carioca.
Impossível não ficar com água na boca!
Conheçam nossa cerveja e tirem possiveis duvidas:
www.cervejamcduff.blogspot.com
Abraço a todos!
Marcelão,
Na mosca!!!
Abraços
Edu,
Que boato é esse de que as cervejas da Brooklyn Brewery, podem estar chegandopor aqui??
E é verdade que finalmente alguem resolveu trazer pra SP as cervejas da Abadessa??
Abraços,
André
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