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Na última semana aportaram em terras brasileiras seis novas cervejas. Tratam-se de produções da Brouwerij De Ranke, uma cervejaria belga relativamente nova. Dos seis rótulos, provei três, sobre os quais comento abaixo. A descrição das cervejas foi extraída do release enviado pela importadora.
XX BITTER
A XX Bitter é feita com malte pale pilsner e muitas flores de lúpulo Brewery Gold e de Hallertau. Como o próprio nome sugere, essa é uma cerveja pesada, feita para ter um sabor forte de lúpulo e um amargor agressivo. Alguns dizem que a XX Bitter carrega todas as características da trapista Orval, multiplicadas por 11. E é exatamente isso que os brewers procuravam quando criaram a receita da XX Bitter. Esse rótulo se tornou uma referência e impulsionou a atual volta dos rótulos “lupulados” na Bélgica.
6,2% ABV
Aparência: Amarelo escuro, turva, com boa formação e duração de espuma.
Aroma: Cítrico, coentro, lúpulo intenso. Lembra o lúpulo de Poperinge.
Paladar: Leve doce, frutado, cítrico, coentro, amargor do lúpulo ao final bem balanceado.
KRIEK DE RANKE
A Kriek De Ranke é uma cerveja explêndida: seca, frutada, vermelho-rubi e delicadamente adocicada. É refrescante, mas, ao mesmo tempo, complexa o bastante para impressionar o mais exigente dos connoisseurs. Esse rótulo pode perfeitamente ser a melhor Kriek da Bélgica. E é certamente a mais rara, pois somente 1500 garrafas são feitas todos os anos.
Fato curioso: O surgimento da Kriek De Ranke rende uma história interessante. Tudo começou na época em que Nino e Guido (fundadores da De Ranke) faziam uma cerveja normal para um pub local. A cerveja era clara, amber pale ale, com 6,5% vol. e não havia nem sombra do sabor amargo de lúpulo que é marca registrada da cervejaria. Essa pale ale era fermentada por levedura emprestada da cervejaria Rodenbach, incluindo um tipo de levedura selvagem que normalmente é encontrada nas cervejas lambic tradicionais.
Sem o lúpulo para segurar a levedura selvagem, a cerveja rapidamente começou a azedar e os clientes do pub deixaram de consumi-la. Nino e Guido acabaram ficando com mais ou menos meio tanque do líquido, que continuou re-fermentando e ficando ainda mais azedo.
Os mestres-cervejeiros decidiram então seguir um antigo ditado: “when life gives you sour beer, make it Kriek” (“se a vida te dá cerveja azeda, que seja Kriek” – em flamenco, „kriek‟ quer dizer cereja azeda). Até então, o modelo de Kriek que a dupla tinha em mente era a frutada Oud Kriekenbier, da Crombé brewery. Uma das preferidas dos conoisseurs.
7% ABV
Aparência: Vermelha, turva, com pouca formação de espuma.
Aroma: Cerveja, adocicado, com um “azedo” interessante.
Paladar: Cereja potente, com dulçor moderado, assim como o azedo e o acético. Notas de Madeira e baunilha.
Ótima cerveja!
CUVÉE DE RANKE
Essa cerveja é na verdade a base para a produção da Kriek De Ranke, mas engarrafada antes da mistura com as cerejas. É uma combinação da cerveja fermentada com a levedura selvagem da Rodenbach e a Giardin Lambic envelhecida. Isso faz da Cuvée De Ranke um rótulo azedo e lupulado. Uma cerveja elegante e, ao mesmo tempo, rústica, no melhor estilo antigo, que agora volta à moda na Bélgica e no resto do mundo.
Fato curioso: de acordo com o governo belga, a Cuvée De Ranke poderia ser chamada de “lambic” porque, apesar de não ter o sabor azedo tão acentuado, a cerveja contém mais de 5 vezes a quantidade de lambic de alguns rótulos comerciais que se auto-intitulam lambics. Mas, ao contrário destes, a De Ranke tem um grande respeito pelos produtores das verdadeiras lambics e preferiu não colocar o termo no nome da sua Cuvée.
7% ABV
Aparência: Amarelo claro, turva, pouca formação de espuma.
Aroma: Ácido acético moderado, brettanomyces, leve frutado, algo de couro.
Paladar: Acidez balanceada, leve frutado, algo de vinho branco, leve doce, azedo balanceado.
Ótima cerveja!
5 comentários:
Edu, belo post! Fiquei com água na boca. Onde poderemos encontrar essas belezinhas??
Um abraço!
Rodrigo
Olá Rodrigo, tudo bem!?
Em São Paulo sei que tem no Melograno e no Empório Alto dos Pinheiros.
Abraço
Edu
Muito bacana, Edu!
Quem está importando para vocês?
Pois no Rio nunca as encontrei!
[]s,
Daniel Caruso
ACervA Carioca
Quem traz é a Calabar.
www.calabar.com.br
Isso ai, Daniel. A resposta acima está correta. Trata-se de uma nova importadora, que em breve deve expandir suas vendas.
Um abraço
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